sábado, 24 de setembro de 2011

TEATRO DA PRIMAVERA


Naqueles dias, na floresta, reinava um profundo silêncio.

Não se ouvia o canto dos passarinhos, nem os grilos entre as folhas secas; o riacho deslizava pelas pedras. Apenas o vento frio brincava por lá. Quando ele vinha sacudia os galhos das árvores o levantava a poeira do chão; empurrava as nuvens para outras paragens. As plantas ressecadas estavam tristes e se queixavam do gado. A garoa e o orvalho ouviam seus apelos mas o frio ainda trazia a geada para ficar com ele.

Eis que, entre ventos frios e cortantes, penetrou pela floresta um gigante de longas barbas vestido com grossas meias e pesadas botas. Era o guardião do inverno.

O gigante enveredou por um caminho no qual já se podiam ouvir os sibilantes assobios do vento, que com sua força fria e cortante envergava até os mais resistentes galhos. E ele soprava por entre penhascos rochosos, abria fendas na terra seca, levantando as folhas caídas das árvores junto com espessas nuvens de poeira.

O gigante ia se aproximando e o vento, sentindo a sua presença, foi se acalmando, e juntos continuaram sua interminável caminhada.

Surgiu então na floresta o mensageiro da primavera.

Música:
Canta o passarinho para anunciar,
Que a primavera
Breve vai chegar

Rios e cascatas correm a cantar,
Que a primavera
Breve vai chegar

E os grilos alegres sempre a saltar,
Que a primavera
Breve vai chegar

E, nas profundezas da terra, as sementinhas, tão bem cuidadas pelos anõezinhos, acordaram ao ouvir aquela melodia.

As azaléias lançaram seus brotos e um passarinho cantou ao longe.

O gigante, continuando sua caminhada encontrou a seca que se arrastava vagarosamente pela estrada.

Por onde ela passava, as plantas perdiam o seu vigor, os riachos ficavam tristes, as borboletas e as abelhas procuravam outros lugares e as nuvens assustadas corriam para detrás das montanhas.

O gigante, na sua caminhada, levou a seca consigo.

Surgiu então, na floresta, o mensageiro da primavera.

Música:
Canta o passarinho...
Primeiras flores...
Azaléias...

Aquela melodia, aquecendo as sementinhas, foi com que estas buscassem a luz. As azaléias abriram suas primeiras flores na silenciosa floresta. E ouvia-se o canto de alguns passarinhos.

Porém, a noite chegou trazendo consigo a neblina envolta em espessos e cinzentos véus. E ela tudo encobriu.

As sementinhas e as florzinhas se aconchegaram novamente no seio da Mãe-Terra e lá os anõezinhos continuaram seu trabalho, fortalecendo as plantinhas.

Ao amanhecer o gigante passou pela floresta e levou consigo a neblina em sua interminável caminhada.

Uma brisa ligeira soprou entre as árvores. E com ela vieram tantas nuvenzinhas que encobriram o céu. E elas foram baixando e desceram até a terra.

E se escutou um pingo aqui, outro pingo ali. E depois eram muitos pingos, e mais e mais. Era a chuva que se derramava pela floresta. As árvores abriram suas folhas, a água desceu às profundezas da terra. O riacho cantou alegre e, rápido pulava pelas pedras. Soprou, depois, um vento forte e surgiu na floresta o mensageiro da primavera.

Música:
Desperta no bosque, gentil primavera
Com ela chegou o canto
gorjeio dos sabiás...
trá-lá-lá...

Com lindos trinados,
suaves e belos,
gentis vão os passarinhos,
saudando a primavera...
trá-lá-lá...

Parece que há festa,
é em toda a floresta,
o bosque está perfumado
com flores de manacá
trá-lá-lá...



o sol brilhou e a tudo iluminou: os passarinhos que cantava em revoada, as flores abrindo suas pétalas dando boas-vindas às borboletas, as abelhas que voavam de flor em flor, os grilos saltando entre as ramagens, os pequenos animais da floresta que saltitavam entre a relva.

Era a Mãe-Terra que, acordando do seu sono profundo nos trazia a PRIMAVERA.

Fonte: Todos os direitos reservados à Escola Jardim das Amoras

Nenhum comentário:

Postar um comentário